Há alguns meses atrás, Portugal assumiu, ao mais alto nível, o compromisso de ajudar a criar um fundo mundial para combate à SIDA. Mandela, Sampaio e outros disseram ao mundo que bastaria cada Estado afectar 0.7% do seu rendimento anual a esse fundo para que o mundo progredisse decididamente na luta contra a maior pandemia do nosso tempo. Passado quase um ano, Portugal não honrou esse compromisso. Talvez não haja multas nem outras sanções. Afinal de contas, é só a morte de muitos milhares de pessoas contaminadas que está em jogo, não o cumprimento da contenção do défice ou coisas sublimes como essa. Mas, haja ou não sanções jurídicas, a condenação moral é clara e muito frontal. Também aqui os cristãos deviam ter uma palavra corajosa e lúcida de denúncia pública. Ou, também para eles, o equilíbrio das contas públicas é realmente mais importante que o direito à vida?