Estou convencido de que Maria e José viajariam hoje num pequeno barco, com mais duas dezenas de migrantes, em busca de um sítio seguro para ter um filho. Estou convencido de que, à chegada, teriam a recebê-los vigilantes da fronteira, que lhes diriam não haver lugar para eles nas nossas sociedades ricas. Estou convencido de que os algemariam e os tratariam por "ilegais" nos jornais do dia seguinte. Estou convencido de que os expulsariam no avião mais imediato, rumo à sua terra de origem. Estou convencido de que, anos depois, os mesmos que os haveriam expulsado rezariam, cheios de circunspecção, ao Menino entretanto nascido.