As estatísticas são sempre uma linguagem enigmática. Os números, de tão grandes, geram frequentemente reacções de impotência ou de indiferença. É assim, por exemplo, com os números, sempre a crescer, do desemprego em Portugal. Já acostumados a números muito elevados, os cristãos tendem a responder-lhes com a compaixão para com os desempregados concretos. Às vezes precisamos de um rosto para experimentarmos a solidarieade. Mas isso não deve fazer-nos ignorar que o desemprego não é uma anormalidade transitória que causa pena, mas sim um desfuncionamento da sociedade fundado em contra-valores. Perante o desemprego que cresce em Portugal, exige-se aos cristãos bem mais que a assistência caridosa. Exige-se-lhes a denúncia das estruturas de pecado, tanto económicas como culturais, que fazem com que aceitemos as estatísticas como uma fatalidade.
palombella rossa
Salpicos de vida
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