equívocos
A proposta de D. Carlos Azevedo de cedência pelos "políticos cristãos" de 20% do seu rendimento a um fundo social é equívoca nos propósitos e equivocada no endereço. Equívoca nos propósitos porque a Igreja não pode limitar-se a uma abordagem de socorro - em última análise, de alcance assistencial - às vítimas da crise, antes tem o dever de actuar sobre os seus mecanismos de alimentação mais profundos. Um fundo de solidariedade acode, não redistribui. E, por ser equívoca nos propósitos, é equivocada no endereço. A tensão social que esta crise evidencia não é entre os pobres e "os políticos" (insinuantemente identificados como "os ricos") mas sim entre o capital e o trabalho, como há muito tempo a doutrina social da Igreja diagnosticou. O endereço certo da proposta de D. Carlos Azevedo seria, portanto, a Associação Cristã de Empresários e Gestores. Assim, uma vez mais o capital ficou poupado a incómodos.