Friday, August 21, 2009

confiar na morte

Juan Masiá tem que ser ouvido e lido no debate sobre a morte digna. Com serenidade sábia, mostra a diferença entre o pedido de ajuda na morte e o pedido de ajuda para a morte. E equaciona ambos com base no único princípio adequado: o da dignidade e autonomia da pessoa paciente. Autonomia não é auto-suficiência, escreve. O seu complemento inseparável é a confiança. Podia ser assim:
" Peço respeito pela minha dignidade e autonomia, assim como pelas minhas convicções éticas e espirituais. Por isso peço e espero que quem me assista me ajude a manter até ao fim uma tripla confiança: a) confiança e que os meus cuidadores, em cujas mãos me entrego, me proporcionem os cuidados apropriados, nem exagerados nem insuficientes, incluindo a sedação necessária; b) confiança em que as pessoas mais próximas me acompanhem humana e espiritualmente; c) confiança no mistério último que dá sentido à vida, em cujas mãos encomendo o meu espírito na viagem de regresso à Vida da vida."

Monday, August 10, 2009

Na morte de Raul Solnado

"Tememos a morte, sim. Mas nenhum medo é maior que aquele que sentimos da vida cheia, da vida vivida a todo o peito" (Mia Couto, Jesusalém)

Friday, August 07, 2009

o difícil pluralismo

Os/as conservadores/as nunca estimaram o pluralismo ético. Sempre o crucificaram como porta aberta para "a ditadura do relativismo". Agora que João Lobo Antunes não foi reconduzido como membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, o pluralismo ético tornou-se subitamente no mais estimável dos bens à superfície da Terra. Foram sempre os/as preteridos/as a saber o valor das diferenças...

Wednesday, August 05, 2009

"Mwanito não deve ter visto a autêntica realidade. Foi uma desilusão óptica"
Mia Couto, Jesusalém

Monday, August 03, 2009

contágio

A paranóia colectiva sobre a gripe transtorna os espíritos, está bem de ver. Nas instruções adoptadas pela Igreja, a tese do cordão sanitário é dominante: abraço da paz off, comunhão na boca idem, etc. No momento em que a hierarquia poderia ter tido a sensatez de repudiar o medo dos outros a pretexto da gripe, baqueou e deixou-se contagiar pela paranóia.