trabalho

Celebremos amanhã o Dia do Trabalhador com a consciência de que a precariedade, o desemprego e a obsessão pela carreira profissional são pecados sociais. Celebremos amanhã o Dia do Trabalhador com a convicção de que a pessoa é sempre mais importante que as coisas, que o trabalho é sempre mais importante que o capital. Celebremos amanhã o Dia do Trabalhador com a noção de que é a pessoa que dignifica o trabalho, não o trabalho que dignifica a pessoa.

proposta

Nas agruras do stress, do anonimato, do vazio, da desesperança, há uma carência funda de humanidade. A actual imensidão de espiritualidades de superfície vive dessa desumanidade. Mas Deus não está aí. Está no caminho muito mais exigente e cansativo de construir a alternativa profundamente humana nesse mundo do stress, do anonimato, do vazio e da desesperança. Deus não é fácil.

liberdade

A fé é o avesso do medo. Não há proibições nem inconveniências mais fortes que possam travar a coragem de acreditar. Não há limites sociais nem legais que domestiquem a força de crer. Somos discípulos de quem superou todas as barreiras, mesmo a da morte. A liberdade é o nosso lado.

trevas

Pai, quando a liberdade era difícil e custava vidas, não soubemos ser corajosos e abrir correntes de ar refrescantes. Aos poucos que ousaram, em fidelidade e Ti e aos irmãos, denunciar a injustiça, virámos a cara com medo do risco e da insegurança. Devíamos ter feito da nossa fé uma serena e firme palavra de mudança. Mas não, emudecemos, obedientes, ordeiros e tranquilos. Perdoa-nos, Pai, pelo pecado da quietude.

em nome de deus

Há memórias de extermínio feito em nome de Deus. Não finjamos que não foram genocídios. Encará-los de frente, sem o disfarce de que esse mal foi gémeo de muito bem, é um dever de coragem e de fidelidade ao Deus de Jesus. Assumir esses pecados históricos é indispensável para sermos hoje mais dignos uns dos outros e do nosso Pai comum.

apocalypse now

Os relatórios internacionais sobre as alterações climáticas não páram de subir de tom dramático. Há uma visão apocalíptica que se está a instalar. Não sem razões concretas. Não há magias que Deus faça para travar os erros acumulados pelso homens. Há uma conversão a fazer nas nossas vidas. Sem ela, nenhuma prece será sincera.

são verdes, não prestam...

Somos muito mais Tomé do que Maria Madalena. Assustamo-nos perante a possibilidade de a ressurreição ser verdade. Exigimos provas. Não nos peçam para crermos no que está para lá do humanamente corrente. A alegria, o encantamento, a disponibilidade gratuita, são demais para nós. E, incapazes de as assumirmos, desdenhamos delas...

Pedro

Gosto de Simão Pedro. Fraquejou de medo e negou ter conhecido Jesus. Apesar de uma fé imensa. Gosto da sua humanidade, cheia de dúvidas, de entusiasmos e de limites. E gosto de saber que foi um homem assim que fundou a Igreja.

us and them

"Eles". É a expressão habitual da nossa fuga às responsabilidades. São eles que são uns malandros. São eles que só querem facilidades. São eles que são uns corruptos ou uns falsos. Sempre e só eles. Na fé, como na vida, o "eu" e o "nós" têm que ser as únicas referências. Na fé, como na vida, eles somos sempre nós.

ressurreição

Não foi um cadáver que voltou a respirar. Uma fé fundada nessa impossibilidade biológica seria sempre refém de uma prova científica por achar. A fé no Deus revelado por Jesus não é filha do espanto por um facto impensável. O Além de Deus não cabe aí. É do mundo misterioso das perguntas mais fundas.

vitória

Ser coerente até ao fim. Neste tempo em que domina o tacticismo como regra de comportamento, levar a missão até ao fim, como uma cruz, tornou-se um acto estranho. Por isso, estas não são horas de morte, muito menos de derrota, mas sim de lição sublime de vida. A cruz é uma vitória da entrega plena. Da coerência.

semana santa

Nem o negócio nem o poder se conseguiram apropriar da festa da Páscoa. Nem um nem outro têm a coragem de enfrentar a estranheza da cruz como entrega total nem o inexplicável da ressurreição como superação de todos os limites. Os dias que aí vêm são, por isso, menos ambíguos. Há neles uma interpelação clara. Irrecusável.

a mulher adúltera

Entre a certeza do passado e o insondável do futuro, preferimos não arriscar. Entre a segurança do que sempre foi e o desafio do que poderá ser, preferimos não arriscar. Entre a previsibilidade da lei e a turbulência da liberdade, preferimos não arriscar. Entre a norma que condena e o desvio que talvez emancipe, preferimos não arriscar. Perdoa-nos, Pai, por tanta falta de coragem.