Portugal profundo
Passeamos pelo país e vemos sinais exteriores de cristianização um pouco por toda a parte. Cada cruzeiro, cada ermida, cada alminha carrega memórias de bondade e de solidariedade inestimáveis. Mas também memórias de submissão, porque muitas vezes o temos a Deus serviu de cobertura para o temor aos poderes estabelecidos. E memórias de cumplicidade com as injustiças porque bem comum e ordem pública foram confundidos vezes demais. Não sei, nem ninguém sabe, o que seria este país sem a cristianização. Mas sei que séculos e séculos de cristianismo não foram capazes de impedir que, hoje, o fosso entre pobres e ricos seja uma realidade de primeira grandeza entre nós. Os sinais exteriores de cristianização têm coabitado bem demais com uma prática socialmente estéril. É também esse o país que se vê ao passear.
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