do outro lado da morte
O pior dos traumas da guerra não é o do risco de ser morto, é o da realidade de matar. O inferno que invade as vidas de quem fez a guerra é feito de medos e de memórias insuportáveis de gritos, de choro e de crueldade. Mas a memória de matar despedaça para sempre a imagem que tem de si mesmo quem tirou a vida. Por isso mesmo, por pôr fim ao outro, mesmo quando ele tem o rótulo de inimigo. O trauma de quem matou exprime, pela dor, a nossa comum humanidade e faz dela um dom ímpar.
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