de graça
“Sabes por que te telefonei? Olha, por nada! Apeteceu-me falar contigo, só isso…”. A gratuidade dos gestos e das palavras tornou-se um bem em vias de extinção. Dizem-se palavras de elogio ou fazem-se gestos de ternura mas, mais à frente, cobra-se o efeito. Comercializámos grande parte das nossas relações que vemos cada vez mais como trocas e não como dádivas. Neste universo, em que tudo é jogo estratégico, não há lugar para o desinteressado e para o inútil. Nas nossas caixas de correio passámos a receber quase só contas e publicidade. E essa é apenas a expressão mais trivial da frieza funda que tomou conta da nossa experiência quotidiana de humanidade.
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