"provavelmente...", parte 2
"Creio que o problema da existência ou inexistência de Deus é demasiado sério para ser dirimido através de anúncios cruzados a favor ou contra em autocarros. É necessário criar outros cenários de reflexão e debate em torno do tema. Nos anos sessenta do século passado, prestigiados intelectuais cristãos, ateus e agnósticos da envergadura de Roger Garaudy, Karl Rahner, J. Baptist Metz, Gilbert Mury, Lombardo Radice, Giulio Girardi e Milan Machovec participaram nos diálogos entre cristãos e marxistas sobre Deus, a trascendência, o futuro da religião e o seu significado nas sociedades modernas. González Ruiz, participante naqueles diálogos, recordava anos mais tarde o pedido dos intelectuais marxistas aos teólogos cristãos: “Não maltratem o Mistério. Respeitem-no porque é fonte de espiritualidade”. Cristãos e marxistas renunciaram aos seus respectivos dogmatismos e passaram, na feliz expressão do filósofo Garaudy, “do anatema ao diálogo”, sem por isso renunciarem às suas respectivas cosmovisões. Foi uma iniciativa frutífera que deveria continuar hoje no novo cenário socio-religioso".
Juan José Tamayo
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